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   LITUÂNIA


VELYKOS (Páscoa)
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   VELYKOS (Páscoa)

A Páscoa é uma das maiores e mais alegres festas não somente na Lituânia, mas em todo mundo cristão. É a festa em que se comemora a Ressurreição de Cristo. Após o tempo da Quaresma e toda a penitência que ela exige, chega a Páscoa com sua alegria e diversões.
Além disto, é também na Páscoa que se comemora a chegada da Primavera. Após o longo e frio inverno, chegam os belos, quentes e agradáveis dias de Primavera.
Os pássaros estão voltando com seus cantos infindos e as flores com todas as suas maravilhosas nuances de cores. As copas das árvores logo estarão cheias e verdejantes. A natureza acordou e trará bons frutos.
Por isso, todos aguardam com ansiedade a Páscoa (Velykos).
A palavra Velykos foi incorporada do bielorusso e significa "dia importante". A palavra é muito apropriada por ser a Páscoa a festa mais solene da Lituânia.
A festa da Páscoa, bem como a do Natal, antigamente era rica em tradições. Infelizmente, muito dos velhos costumes pascais já desapareceram ou estão acabando.
Na semana da Páscoa, as donas de casa tinham muito trabalho. Elas não só arrumavam e enfeitavam suas casas como também preparavam os quitutes que seriam servidos no Domingo. Assavam leitões, pernis, perus, diversos piragas (espécie de panetone) etc...
No Sábado Santo, pela manhã, um membro da família ia à Igreja buscar água e fogo bentos. Com a água benta aspergia-se o telhado das casas e dentro delas para que não fossem atingidas por um raio. Com o fogo bento dava-se uma volta pelo quintal para que nele não viessem cobras. E depois, com esse fogo, acendia-se o fogão (forno) onde seriam aquecidos os assados para a Páscoa e preparados os tradicionais ovos.
E quanta alegria havia na pintura dos ovos (Marguciai). O Margutis, ovo pintado, é um importante símbolo da Páscoa. Sem ele, a Páscoa não está completa. Por isso, cada um se esforçava para que o seu fosse o mais belo "Margutis".
Na manhã da Páscoa, bem cedinho, ao alvorecer, os adultos, à pé, a cavalo ou em outra condução qualquer, apressavam-se em ir à igreja para participar da Procissão e da Missa da Ressurreição. Levavam consigo, os desjejuns pascais para serem bentos pelo Padre após as cerimônias.
A Liturgia da Ressurreição era muito solene e emocionante. Bandeiras erguidas, tambores rufando, moças vestidas de branco esparramando pétalas de flores pela rua e no coração de cada um o sentimento de muita paz e alegria. Todo o povo, em procissão cantava com entusiasmo "Linksma diena mums nušvito" (Raiou um dia alegre para nós) e dava três voltas ao redor da igreja.
Encerrada a cerimônia, começava uma verdadeira corrida. Todos se apressavam para chegar em casa primeiro. Quem chegasse primeiro teria sucesso em todos os trabalhos do ano.
Os mais populares e apreciados divertimentos da Páscoa, eram o "rola-ovos" e o "bate-ovos". O rola-ovos era uma "corrida de marguciai", onde o margutis que chegava primeiro era o vencedor e seu dono ganhava um margutis bem bonito de presente. O bate-ovos consistia em bater um margutis contra o outro; aquele que não quebrava era o vencedor e seu dono ficava com o margutis quebrado. Havia também o concurso para se escolher o margutis mais bonito.
Terminadas as competições de marguciai, os jovens iam balançar-se em balanços feitos especialmente para a ocasião da Páscoa. Outros iam "velykauti" (visitar as pessoas e pedir ovos pintados). Formavam-se grupos de 8-14 jovens que, entoando cânticos de Páscoa iam visitar as casas; eram chamados os "lalauninkai". Batiam na janela das casas e pediam permissão para entrar e alegrar a casa. Obtendo permissão, cumprimentavam, cantavam e pediam marguciai. Se batessem e ninguém respondesse, era sinal de que não os queriam. Mas, de modo geral, todos os acolhiam, pois era considerado deselegante não recebê-los.
A Páscoa era festejada durante três dias. O primeiro dia deveria ser dedicado a Deus, geralmente, todos ficavam em casa com suas famílias, alimentando-se bem e recuperando-se da Quaresma. O segundo dia era para recreação visitando os amigos. O terceiro dia deveria ser dedicado ao relaxamento pois muito trabalho estava aguardando.



GAVĖNIA (Quaresma)

São os 40 dias de jejum e abstinência que começam na 4ª feira de Cinzas e terminam na Páscoa. Lembram os 40 dias que Jesus jejuou no deserto e destinam-se ao preparo espiritual para a festa da Ressurreição.
No contexto religioso católico, o tratado de Nicéia, em 325 menciona a prática litúrgica dos 40 dias da Quaresma ( Quadragésima ).
Antigamente, o jejum quaresmal era muito rigoroso: comia- se uma vez ao dia, só à noite, sem carne e sem leite. Mais tarde, os jejuns foram atenuados e foram dispensados dele as crianças, os idosos e os doentes.
Com o sentido de penitência e auto-controle, a Igreja proibia os bailes, festas e outros divertimentos no período da "Gavenia".
Na Lituânia, a partir de 1915, quando foi editado o código dos Direitos da Igreja, as práticas da Quaresma foram atenuadas. No século XIX, apareceram livros de orações para a Gavenia. Eram lidos diariamente, à noite, em família, ou reuniam-se várias famílias da aldeia para lê-los e rezar em conjunto. Nos finais de semana cantavam cânticos referentes à Gavenia. Nas igrejas, rezavam e cantavam a Via Sacra (Kriziaus kelius) - Cantos da Paixão de Cristo.
O tempo da Quaresma deu origem a várias estórias como a da luta entre Kanapinskas (Sr. Linhaça) contra o Lašininis (Sr. Toucinho), vencendo o primeiro até a Páscoa, quando o segundo tornava-se o vencedor.
Na Lituânia era considerado pecado comer carne na Gavenia. Também era pecado olhar-se no espelho. Se, realmente, precisasse ver sua imagem a pessoa poderia olhar seu reflexo na água. Os dzukai (habitantes da região da Dzukija), não podendo ficar sem cantar, costumavam cantar canções de Gavenia, de melodia muito triste e melancólica. Falavam de guerra, acontecimentos tristes e trágicos. Ninguém cantava canções alegres e divertidas.
As comidas da Quaresma eram: silkes (arenque) e outros peixes, óleo de linhaça, aveia, batatas, repolho azedo, beterrabas e outras comidas secas.
No dia em que tem-se o meio da Quaresma, ao meio-dia, tocavam- se os sinos das igrejas, por cerca de meia hora, anunciando que metade da Gavenia já passou. É o "Pusgavenis" - Meio da Quaresma.
Os Zemaiciai (habitantes da região da Zemaitija) dizem que ao meio-dia, enquanto dobram os sinos, pode-se matar e comer um galo, mas é necessário fazer tudo em uma hora: matar, limpar, cozinhar e comer. Dizem ainda que é necessário usar madeira verde, trazida da floresta naquela hora. Isto faz lembrar a prática muito antiga do sacrifício do galo, para invocar a fertilidade dos campos.
Diz a lenda, que o Silkinis, Sr. Arenque, vira cambalhotas neste dia e que perto dos campanários das igrejas, chovem arenques.
Sabe-se também que em virtude da pouca e magra comida, as pessoas emagreciam na Quaresma.
Depois de uma longa Quaresma, a quebra do jejum começava com um ovo. Todos comiam um pedacinho do mesmo ovo, senão brigariam. Acreditava-se que as cascas continham um feitiço.


Procissão e Miissa Lituana de Páscoa na Vila Zelina


VERBŲ SEKMADIENIS (Domingo de Ramos)

O ciclo das festas da Páscoa começa no Domingo de Ramos.
De origem pagã, a "Verba" é um dos mais nítidos símbolos da Páscoa.
A "Verba", feita, principalmente, de ramos de zimbro, salgueiro ou bétula entrelaçados com papéis colorido e flores secas, simboliza a força da vida, o nascimento de uma nova vida e o renascimento da natureza.
Acreditava-se que as plantas que estalam tivessem poderes mágicos.
Havia um antigo costume de que na manhã do Domingo de Ramos, bem cedinho, o pai (ou a pessoa mais velha da família) acordava as crianças batendo nelas com um galhinho de salgueiro e dizendo: "Verba plake, linksmai sake, nedelioj - Velykos" ou "Ne aš plaku, verba plaka, ar žadi marguti?" ou ainda "Ne aš mušu, verba muša, tolei muš, kol suluš."
Para os antigos, a "Verba" trazia saúde, beleza e felicidade.
A Igreja mantém acesa, através da "Verba", a memória das palmas que a multidão espalhou sob os pés de Cristo quando Ele entrava em Jerusalém.
As palmas bentas espantavam os maus espíritos. Com elas defumavam os animais que sairiam pela primeira vez para a pastagem, aspergiam o alpendre para que o raio não o atingisse, defumavam até mesmo os moribundos.
Os žemaiciai dizem que, o diabo cutuca com seu rabo, aquele que vai à igreja no Domingo de Ramos sem um ramo (uma Verba).
Como se vê, esta é uma tradição mágica até mesmo na visão da igreja.
No Domingo de Ramos, esses ramos "verbos" podem ser comprados nas ruas próximas às igrejas. As pessoas compram não apenas como um atributo desta data, mas acreditando que o ramo bento na igreja protegerá suas casas do fogo e de todos os infortúnios.
Até a presidente da Lituânia Dalia Grybauskaitė acredita na proteção dos ramos da "Verba".


MARGUČIAI (Ovos de Páscoa pintados)

Margutis é um ovo de Páscoa pintado. Não há nenhum cantinho da Lituânia em que não se pintem ovos de Páscoa.
A decoração de ovos de Páscoa é muito antiga. No pé da colina Gediminas em Vilnius, arqueologistas encontraram ovos feitos de madeira e barro no qual mostram que este costume era conhecido na Lituânia no início do século XIII. Ovos de Páscoa são mencionados por Martinas Mazydas na dedicatória de seu livro "Hinos de Santo Ambrósio" (1549). Os ovos de Páscoa ficaram particularmente populares na virada do século XX.
Alguns eram cozidos em uma cor única, alguns eram decorados com diversos padrões. São feitos com motivos variados, desenhados com cera quente ou raspando-se a casca colorida do ovo. Os motivos são muito primaveris: sol estilizado, folhas de arruda, pinheirinhos, passarinhos, pés de galinha etc.
As tintas podiam ser naturais isto é, obtidas através da cocção de vegetais como folhas e cascas de diversas árvores ou cascas de cebolas. As cores eram variadas, mas suaves, isto é, de tonalidades claras. As tintas artificiais produziam um colorido mais forte.
Quem pintava os "marguciai"? Todos: idosos, adultos, jovens e crianças.
É difícil falar sobre a origem dos marguciai. Atualmente eles estão absolutamente ligados à Pascoa. Mas o hábito pintar e trocar ovos já existia antes de Cristo. Quase todas as nações do mundo antigo - egípcios, romanos, judeus, conheciam este costume. O ovo é ido como símbolo de renascimento da primavera como também de início de toda vida.
Assim como do ovo pode surgir uma nova vida, rompendo-se-lhe a casca, assim também, Cristo elevou-se vivo da sepultura, rompendo, atravessando a enorme pedra de seu túmulo.
Na Páscoa nem os mortos eram esquecidos, principalmente pelas crianças. Elas colocavam ovos sobre os túmulos para que não fossem assombradas. Na manhã do Sábado Santo, colocavam comida na terra para aquelas almas de quem ninguém se lembrava mais.
Na véspera da Páscoa, quando as crianças já dormiam, os pais colocavam seus marguciai debaixo da cama. E no Domingo diziam que a "vovózinha da Páscoa" é quem tinha trazido.
Esse costume se mantém vivo até hoje.